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Ação Afirmativa

A Psicanálise no Brasil, talvez também a América Latina, contrariando o pensamento de seu fundador Sigmund Freud − que concebeu uma prática democrática e aberta às camadas sociais (Clínicas públicas do Freud: psicanálise e justiça social, 1918-1938, Elizabeth Ann Danto) − na sua formalização, bem como em sua consequente institucionalização, desviou-se do caminho, tornando-se um ofício elitista, apartado das questões sociais e políticas.

 

Mas é um saber subversivo, de investigação do psiquismo, sustentado por uma estrutura teórico clínica que trilha a verdade do inconsciente, ali, onde o discurso claudica − nos sintomas, chistes, sonhos e atos falhos.

 

Nos seus descaminhos, tratou-se como demérito o pensamento crítico e comprometido dos psicanalistas envolvidos com as problemáticas sociais, no campo político e da cultura. No entanto, não nos resta dúvida quanto ao fato do saber psicanalítico ter modificado a cultura e de ser igualmente por ela influenciado.

 

Pois é do exercício da caminhada que queremos tratar, àquela que não homogeneíza sujeitos e discursos, ao contrário, os liberta de categorizações, os retira das caixinhas alienantes.

 

Dentre os trabalhos a fazer, no momento, pensamos na ampliação da Formação Psicanalítica para pessoas negras, indígenas e refugiadas. A respeito dos dois primeiros grupos, tentamos pensar no nosso papel de desconstrução das lógicas racistas e excludentes e no dispositivo psicanalítico como potência para descolonizar nossos modos de relação que mantêm estes grupos, formadores do Brasil, excluídos do nosso ambiente, da poltrona e do divã.

 

A Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro deu o primeiro passo no sentido de reconhecer formalmente o racismo e as desigualdades sociais, e pelo ato do voto estabeleceu a possibilidade de Ação Afirmativa. Que venham as novas turmas!

 

Para nós, uma luz a perseguir...

 

Wania Cidade

Membro Efetivo, ex-presidente da SBPRJ, presidente FEPAL - 2022-2024

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